A irmã, Antônia Silvestre de Sousa, revela que sentiu medo quando ele apareceu em sua porta.
Um engano no reconhecimento de um corpo poderá, depois de oito anos, parar na Justiça. O lavrador Luiz Silvestre de Sousa, de 73 anos, conhecido em Bandeira Novo, no Município de Itatira, como "Zé Redondo", "Quentura" ou "Já Morreu", apareceu vivo em casa depois que uma irmã tinha dado ele como morto no Instituto Médico Legal (IML).
A confusão começou depois de um atropelamento na BR-020, em janeiro de 2001, na saída de Caucaia, quando um caminhão que seguia da Capital para a localidade de Catuana atingiu um homem sem documentos. Ele foi identificado como Luiz Silvestre de Sousa, nascido em 1938 e era conhecido como "Quentura", o mesmo apelido da vítima do atropelamento à época.
A confusão começou depois de um atropelamento na BR-020, em janeiro de 2001, na saída de Caucaia, quando um caminhão que seguia da Capital para a localidade de Catuana atingiu um homem sem documentos. Ele foi identificado como Luiz Silvestre de Sousa, nascido em 1938 e era conhecido como "Quentura", o mesmo apelido da vítima do atropelamento à época.
"Ao ver o corpo no IML, minha irmã achou que era eu e autorizou a liberação para sepultamento", diz Luiz. Ele conta que passou muito tempo longe da família, sem dar notícias e, quando aconteceu esse fato, ninguém sabia de seu paradeiro. Como seu apelido era igual ao da vítima, sua irmã não teve dúvidas e mandou enterrá-lo no Cemitério de Bandeira Novo.
Passados dois anos, o agricultor apareceu vivo na comunidade, à noite, quando os fiéis preparavam a cerimônia de abertura dos festejos alusivos ao padroeiro do Distrito de Bandeira Novo, São José. Dona Maria Mirtes de Sousa, que cuida da igrejinha, não esquece aquele dia.
"Foi uma confusão sem limites. Nós estávamos preparando uma cena da missa, onde apenas as velas ficavam acessas e, do nada, apareceu um rapaz, conhecido da localidade por nome de Josué, e foi logo dizendo: ´olha aqui o que trouxe para vocês´, quando me virei para olhar o que era me deparei com a cena do seu Luiz entrando pela porta da igreja, muita gente correu devido ao medo. Eu confesso que fiquei paralisada, sem nenhuma ação", conta.
Quem também não esconde o medo que sentiu quando voltou a rever Luiz Silvestre foi dona Jesus da Silva Maciel, que viajava em um caminhão pau-de-arara com destino à cidade de Canindé. "Era uma viajem tranquila, quando, de repente, surge um homem no meio da estrada acenando com a mão pedindo para o motorista parar. Ao se aproximar, o motorista foi logo dizendo ao homem: ´que queres aqui na terra, tu já está morto!´ Foi aí que as pessoas que estavam sobre a carroceria do veículo começaram a descer às pressas, sem olhar para trás. Eu não corri, porque as pernas não deixaram", diz Jesus.
A irmã, Antônia Silvestre de Sousa, revela que sentiu medo quando ele apareceu em sua porta. "Homem, quem pode mais que Deus? Aí ele me respondeu: eu, que estou vivo. Está precisando de reza, vamos rezar um terço para você, mas ele retrucou e disse: não preciso de reza, preciso de uma dormida porque eu estou vivo".
Francisco Aroldo de Castro, motorista da Prefeitura de Itatira, conta que mesmo depois que o "Zé Redondo" chegou à comunidade, muita gente dizia não acreditar que ele estivesse vivo. "Mas, um dia, fomos retirar os restos mortais do homem enterrado como Luiz Silvestre para sepultar seu pai, José Silvestre, no mês de maio. Aí foi outro problema, porque tivemos que arrancar o Zé Redondo falso que até hoje é tido como indigente, e ninguém sabe a quem é".
Certidão
A certidão de sentença assinada por Miriam Porto Mota Randal, juíza de Direito da 2ª Vara da Comarca de Caucaia no Ceará, nos autos do processo nº 2739/01, dia 24 de março de 2003, - a qual transitou em julgado - fica anulado o registro de óbito do livro C-137, as folhas 60, sob o número de ordem 151.726, referente a Luiz Silvestre de Sousa, que garante que Zé Redondo é um morto vivo.
Com informações do Diário do Nordeste.
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