Por João Vieira Picanço
"somos a terra dos arranjos, das improvisações, do faz de conta".
Analfabetismo, desemprego, falta d’água, seres humanos passando fome, falta de moradia, saúde me decadência, falta de remédios, instrução escolar precária, perspectiva zero de desenvolvimento, e o pior: em defesa desta cidade, uma Câmara Municipal surda, muda, conivente, ridícula, medíocre, com vereadores desqualificados, despreparados, que estão alí, para defender bons salários que beiram os 4.500,00 quatro mil e quinhentos reais (só lembrando! Com os acordos...), para participar de uma sessão por semana, passar uma ou duas horas lavando “roupa suja”. Vejo com dó e piedade, “os Tiriricas do Sertão Central”, balbuciando, gaguejando, se esforçando para destravar a garganta, ferindo de morte a língua portuguesa, levantando risos a quem assiste. Que tristeza! Que desastre, meu Deus!
A preocupação com a cidade, com o desenvolvimento do município é durante a campanha eleitoral. Eleitos, os candidatos esquecem o que disseram em cima dos palanques. Acabada a campanha, acabada está a preocupação deles com o povo. Porque a preocupação com eles aumenta.
O atraso desta comunidade só tem uma explicação: o desinteresse dos vereadores no desenvolvimento e zelo da “coisa” pública. Pobreza de dinheiro é ruim, mas pobreza de mentalidade é pior. Dá nisso.
Sei que meus artigos estão ficando enfadonhos. Mas se esses artigos forem bem examinados, darão a certeza de que tudo que tenho feito nesses últimos meses é reescrever o primeiro artigo. Só reescrevo, porque a imprensa não defende os interesses comunitários, que teriam feito da cidade a mais bonita, a mais desenvolvida do interior do Estado.
Mas nosso destino é o atraso. Agora de manhã, por exemplo, ouvi a entrevista de um prefeito ao seu porta voz, o radialista Beto Dias.
O Beto Dias é um empolgado com a administração municipal da prefeitura, administração que o Beto jura ser excelente, embora saiba dos grandes problemas existentes no município.
Presumo que tenha acabado nele a argúcia da crítica, que ele tinha até o dia anterior ao que aceitou ficar a serviço da Prefeitura.
Eu até entendo que o Beto esteja agora tão concorde com o Prefeito, porque é porta voz, alto falante reproduz exatamente a voz alheia e serve para levar mais longe essa voz. Alto falante não tem querer. É um instrumento.
Antes de entrevistar o Prefeito, o repórter Beto Dias faz recapitulação “das obras” já feitas pelo Prefeito, que já pavimentou mais do que os outros prefeitos. É obra aqui, é obra acolá. É obra na rua de cima. É obra na rua de baixo. E haja obra. Que bom intestino o do prefeito!
Talvez se inaugure a pinturazinha de algum cemitério, ou mesmo a pinturazinha de um colégio. Coisinhas assim: somos a terra dos arranjos, das improvisações, do faz de conta.
Administra-se hoje como s administrou há milênios: quando o povo está muito sofrido; quando a temperatura da agua da panela em que se cozinha o povo está quase a ferver a água, a prudência (astúcia, mesmo!) manda que aplaque a ira do povo com uma boa reportagem; com promessas de mais obras; festa na praça com cachaça e dança, para acalentar o eleitor.
O político deve cessar o discurso do prometer para não cumprir. Substituir a falsidade pela sinceridade. Feito isso, os políticos passarão a cumprir o compromisso assumido com o eleitor. Compromisso que é buscar meios de promover o bem coletivo ou a paz social pela satisfação das necessidades do povo. Temos suficiente para todos, desde que os bens ou as riquezas matérias não fiquem retidos nas mãos de um pequeno grupo.
Se os eleitores tivessem um pouco de juízo e não se vendessem nas vésperas das eleições, certamente alguns políticos estariam queimando no inferno da rejeição.
Seja quem for o próximo prefeito, terá de ser consciente e começar a introduzir substâncias melhores na “linda cidade” que ouço chamar..., que se ressente desse atraso indiscutível em que está mergulhada.
João Vieira Picanço
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