sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Lula e russo Putin reforçam campanha pró-WikiLeaks


Líderes protestam contra prisão de fundador do site, em meio a ataques de hackers.
A campanha a favor do WikiLeaks ganhou força nesta quinta-feira (9), com as declarações de apoio a Julian Assange do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, além de mais ataques virtuais contra sites de empresas que tentam silenciar o portal que revelou os bastidores da diplomacia americana.
Lula foi o primeiro chefe de Estado a defender Assange publicamente desde que este foi detido na última terça-feira (7) em Londres, em cumprimento a uma ordem internacional de prisão emitida pela Interpol. O fundador do WikiLeaks é processado por estupro e abuso sexual na Suécia.
O presidente brasileiro expressou sua "solidariedade" ao WikiLeaks e seu "protesto pela liberdade de imprensa".
Para Lula, Assange "desnuda uma diplomacia que parecia intocável, a mais correta do mundo”.
- O rapaz do WikiLeaks foi preso e não estou vendo nenhum protesto pela liberdade de expressão. Duas horas mais tarde, foi a vez de Putin, que também questionou a prisão de Assange.
- Se falamos de democracia, é necessário que seja total. Por que Assange foi preso? Isso é democracia? É preciso começar olhando para nossos próprios pés. A bola está no campo de nossos colegas americanos agora.
Alta comissária da ONU se diz preocupada
Pouco depois, a alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, demonstrou preocupação com as pressões exercidas sobre as empresas que trabalham com o WikiLeaks após a divulgação dos 250 mil documentos confidenciais.
Enquanto isso, os "hacktivistas" do grupo Anonymous prometeram nesta quinta-feira, em entrevista a uma rádio britânica, uma escalada da guerra informática contra as companhias que cortaram os meios de financiamento do WikiLeaks.
O Anonymous, grupo que se organizou através de um fórum na internet, reivindicou os ataques desta quarta-feira contra as companhias americanas de cartão de crédito Mastercard e Visa e de outros grupos que bloquearam as contas do WikiLeaks ou de seu fundador.
Um porta-voz do grupo, que se identificou como Coldblood, disse à rádio britânica BBC que os ataques vão continuar.
- A campanha não terminou. Vai bem e cada vez mais pessoas estão se unindo para ajudar. Cada vez mais pessoas estão baixando a ferramenta botnet que permite ordenar os ataques.
Os botnet permitem realizar os chamados ataques de Negação de Serviço Distribuídos (DDOS) simultâneos a partir de um grande número de equipamentos para bloquear ou pelo menos sobrecarregar um portal na internet.
- É uma guerra informática. Estamos tentando manter a internet aberto e livre para todo mundo, como sempre foi à internet.
 Grupo ameaça atacar site da Amazon
Nesta quinta, o grupo anunciou que planejava atacar o site da livraria Amazon.
Anonymous deixou isso claro em uma mensagem no Twitter da chamada Operação Payback (“operação revanche”, em inglês): "Objetivo: www.amazon.com". O site da Amazon, no entanto, continuava funcionando meia hora depois da hora programada para o ataque.
Em relação à estrutura do grupo, o porta-voz disse que o Anonymous não segue nenhum meio convencional, mas apenas um grupo de pessoas que, quando acha que uma ideia que circula é suficientemente boa, então entra em ação.
Além do Visa, Mastercard e do site da filial bancária do serviço de correios suíços, o Postfinance, que na última segunda-feira (6) anunciou o fechamento da conta de Assange, os hackers também atacaram outros sites da Suécia, país que busca a extradição de Assange para interrogá-lo por um suposto caso de delito sexual.
Segundo o jornal sueco Aftonbladet, os hackers forçaram o fechamento, durante várias horas, do site do governo sueco na madrugada desta quinta-feira. Além disso, também foram atacadas as páginas do senador americano conservador Joe Lieberman e da ex-candidata republicana à vice-presidência Sarah Palin.
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