terça-feira, 9 de março de 2010

Operação Pipa é retomada em Ibaretama

De acordo com a 10ª Região Militar, 11 municípios cearenses voltaram a ser atendidos desde ontem

Fortaleza Onze municípios cearenses voltaram a receber o abastecimento de água emergencial da Operação Pipa, que estava suspenso por conta de empecilhos no repasse de verbas do Ministério da Integração Nacional. A informação é do tenente-coronel Maurílio Ribeiro, oficial de Logística da 10ª Região Militar, responsável pela Operação Pipa nas regiões dos Estados do Ceará, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins que sofrem com a estiagem.

"Foi feito o repasse de R$ 4,831 milhões na última quinta-feira e, desde ontem, algumas unidades onde havia contratos com pipeiros em vigor, o abastecimento voltou a acontecer, num total de 50 municípios que fazem parte da nossa área de atuação", esclarece o oficial. No Ceará, a Operação Pipa foi retomada em Canindé, Capistrano, Caridade, Forquilha, Ibaretama, Irauçuba, Itapajé, Itapiúna, Itatira, Madalena e Tejuçuoca.

O tenente-coronel adiantou que, até o dia 12 de março, a Operação deve ser retomada na maior parte dos municípios, mas que o abastecimento com carros-pipa só deve ser totalmente normalizado até o fim deste mês. Ele garante que o abastecimento está garantido enquanto houver necessidade, indicada pelos Conselhos Municipais de Defesa Civil.

Andanças

Antes do completo retorno do abastecimento emergencial, moradores da zona rural dos Sertões de Canindé e do Vale do Curu precisam andar muito para conseguir água. Valendo-se da força sertaneja e da fé em Deus, agricultores, na sua maioria idosos e adolescentes, vão levando a vida com a escassez do precioso líquido.

A suspensão no abastecimento faz com que os sertanejos percorram de cinco a 10 quilômetros em busca de água. As formas de transporte são as mais variadas. A pé, de bicicleta, de carroça, jumento, enfim, do jeito que dá. Em algumas localidades, diversas famílias estão enfrentando esses problemas com inquietação.

Maria Helena dos Santos, residente na comunidade de Todos os Santos, diz que, para conseguir água de beber, precisa ir até um açude distante três quilômetros de sua casa. "Tem gente que anda de jumento ou bicicleta procurando água", conta. Em Caiçara, os adolescentes utilizam jumentos para pegar água no açude que leva o mesmo nome. "Quem não tem essa estrutura, termina comprando água para beber e cozinhar", diz dona Maria das Graças Felício, de 57 anos.

Expectativa

Nas quatro localidades visitadas, a preocupação é grande em relação à obtenção de água para o ano que parece não ser de muita chuva, principalmente, por conta dos prognósticos cada vez mais forte de chuvas abaixo da média da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos do Ceará (Funceme). Na Caatinga esturricada pelo sol, adolescentes puxam jumentos a caminho de açudes para trazer água de procedência duvidosa para acabar com a sede.

A esperança do povo do sertão é o dia 19 de março - data dedicada ao padroeiro do Ceará, São José. Se nesse dia não chover, para os agricultores, a situação piora e o jeito é fugir da seca para o sul do País, contribuindo para o êxodo rural.

Se para o ser humano a situação é vexatória, para os animais é bem pior. O gado já demonstra sinais de fraqueza e precisa comer em cocheiras feitas de pneu de caminhão dentro do próprio curral. O criador Jaime Aquino da Silva, de 54 anos, disse que não sabe como vai salvar o pouco gado que restou.

Alternativa

"Estou comprando resíduo em Canindé para tentar escapar esses bichinhos. Se não chover até o fim de março, a situação irá ficar muito pior, porque água em algumas partes tem, mas comida para os animais, não", comentou.

Segundo ele, já morreram animais em outras fazendas. "Aqui ainda não aconteceu, porque tenho feito um esforço muito grande para evitar essa tragédia, mas tem um amigo que já perdeu duas vacas por conta da fome". O sentimento de Jaime é compartilhado por vários sertanejos que aprenderam na luta da vida a valorizar o pouco que ainda resta no sertão.

MAIS INFORMAÇÕES 

10ª Região Militar - Operação Pipa: (85) 3255.1646 / Secretaria Nacional de Defesa Civil: (61) 3414 5515

Defesa Civil Estadual: (85) 3101.4571


Karoline Viana
Repórter

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