quinta-feira, 25 de março de 2010

Júri do caso Isabella deve chegar à fase decisiva nesta quinta




Do G1, em São Paulo

Três testemunhas foram ouvidas no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, nesta quarta-feira (24), terceiro dia de julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados da morte de Isabella em março de 2008. O dia foi marcado pela dispensa de oito das dez testemunhas de defesa do casal e pela possibilidade de Alexandre e Anna Carolina serem colocados frente a frente com a mãe de Isabella. 

 Por volta das 19h, o julgamento foi interrompido pelo juiz Maurício Fossen, que, após negar, voltou atrás e deixou aberta a possibilidade de que seja feita uma acareação entre o casal e Ana Carolina Oliveira, a mãe de Isabella.

O terceiro dia do julgamento também foi marcado pelo depoimento de mais de cinco horas da perita criminal Rosângela Monteiro. Ela afirmou que as marcas da rede de proteção na camiseta de Nardoni evidenciam que foi ele quem atirou a menina pela janela.

Segundo a perita, seria impossível as marcas na camisa serem feitas de outra forma que não seja segurando um peso de 25 kg, com os braços estendidos para fora da janela. A perita também afirmou que o sangue encontrado no apartamento era da menina morta.

Alexandre Nardoni vestia camisa verde e calça jeans e Anna Jatobá, camisa rosa e calça preta. Alexandre demonstrou contrariedade em alguns momentos e em apenas duas horas de depoimento chamou seus advogados sete vezes para fazer comentários.  

Mais uma vez, a avó de Isabella, Rosa Oliveira, não suportou a descrição das condições da morte da menina e deixou o plenário.

Do lado de fora, um princípio de tumulto entre pessoas que aguardavam na fila em frente ao fórum para assistir ao julgamento do casal obrigou a Polícia Militar a agir rapidamente para controlar a situação.

Primeiro depoimento



  • Aspas
    Não basta encostar na tela. Ele precisa jogar o peso dele sobre ela. Não tem outra hipótese"
A primeira testemunha a depor nesta quarta-feira (24), no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, foi a perita criminal Rosângela Monteiro. Ela foi a responsável pela elaboração dos laudos sobre a morte da menina Isabella Nardoni em 2008. O depoimento de Rosângela começou às 10h25 e terminou às 16h50, sendo permeado por um intervalo para almoço.

Rosângela foi arrolada como testemunha tanto pela defesa quanto pela acusação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Ela disse que a menina foi ferida antes de entrar no apartamento do casal Nardoni e que já entrou sangrando. A perita afirmou ainda que o sangue encontrado no apartamento era da menina morta.

A perita afirmou também que as marcas da rede de proteção na camiseta de Nardoni evidenciam que foi ele quem atirou a menina pela janela. Para marcar a camiseta daquela forma, disse ela, a pessoa precisaria estar com os dois braços para fora da janela, segurando um peso de 25 kg. “Não basta encostar na tela. Ele precisa jogar o peso dele sobre ela. Não tem outra hipótese”, afirmou a perita.

Alexandre Nardoni alega que a camiseta ficou marcada quando ele se apoiou na tela para olhar para baixo.

Segundo o depoimento da perita, uma mancha de sangue encontrada na porta do quarto de Isabella pode indicar a presença dos irmãos da menina no apartamento no momento em que ela foi morta.

A mancha de sangue foi feita com as pontas do dedo, a uma altura abaixo da maçaneta da porta do quarto. “Posso concluir, portanto, pela altura, que se trata de mãos de criança”, disse a perita.

Segundo ela, não foi possível a identificação de a quem pertencia o sangue, mas a teoria é que um dos irmãos de Isabella tenha entrado em contato com algum respingo de sangue da menina no apartamento.

Alexandre e Anna Jatobá permaneceram impassíveis durante todo o testemunho; ele, no entanto, demonstrou mais atenção às explicações da perita do que ela.


Segundo depoimento
Por volta das 17h, começou o depoimento do jornalista Rogério Pagnan. Na época da queda de Isabella, ele fez uma entrevista com o pedreiro Gabriel Santos para o jornal "Folha de S.Paulo", em que ele afirmava que uma pessoa havia arrombado uma obra vizinha ao edifício London na noite da morte da menina.

O depoimento de Pagnan durou cerca de 40 minutos. Enquanto fazia uma demonstração, o jornalista quebrou um pedaço da maquete.

Terceiro depoimento 
A terceira testemunha a depor foi o escrivão de polícia Jair Stirbulov. Ele terminou de falar às 18h. Foi a última testemunha a ser convocada pela defesa.

Questionado pelo advogado de defesa do casal, ele negou que policiais tenham comido algo no apartamento no dia seguinte ao crime. "Eu tenho 40 anos de serviço e fiquei muito chateado com aquela situação", afirmou, ao dizer que não comeu ovos de Páscoa ou tomou café no apartamento.

Ele afirmou que conduziu Anna Carolina Jatobá até o imóvel na manhã do domingo, dia seguinte à morte de Isabella. Ela ainda era considerada vítima. "Pediram para que eu conduzisse a Anna Carolina, então vítima, para dizer se havia sido roubado algo [do local]", contou. Segundo ele, ninguém retirou o telefone celular da madrasta durante o percurso até o apartamento.

Dispensas

Após o depoimento da perita, houve um breve intervalo e os advogados de defesa soltaram a aguardada lista de dispensa das testemunhas. Todas as testemunhas (oito) que faltavam ser ouvidas, entre elas o pedreiro Gabriel Santos, antes considerado como peça-chave para a defesa, foram liberadas.

A defesa também dispensou a delegada Renata Pontes, que já havia testemunhado nesta terça-feira, mas permanecia à disposição da Justiça a pedido da defesa.



Acareação

Após negar o pedido da defesa para que fosse feita uma acareação entre o casal Nardoni e a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, o juiz Maurício Fossen voltou atrás e deixou aberta essa possibilidade. Dessa forma, a acareação pode ocorrer nesta quinta-feira.

De acordo com o promotor Francisco Cembranelli, a mãe de Isabella está abalada e deprimida. Ele é contrário à acareação. "Não acrescenta nada", disse ele.

Familiares
A irmã de Alexandre Nardoni, Cristiane Nardoni, chorou antes de começar o julgamento nesta quarta. A jovem se aproximou da divisória de madeira que separa o júri da plateia, bateu no peito e disse “Força! Força!” olhando para o irmão e para a cunhada Anna Carolina Jatobá. Alexandre respondeu também batendo no peito e sorrindo para a irmã, sem dizer nada.

Pelo segundo dia consecutivo, a escritora de novelas Gloria Perez acompanhou a família de Ana Carolina Oliveira durante o julgamento. Em 1992, a filha de Glória, a atriz Daniela Perez, foi assassinada. O advogado do casal Nardoni comentou a presença da autora na plateia. “É um direito dela apoiar quem quiser. Sou um fã dela”, disse.

Durante o depoimento da perita, a avó de Isabella, Rosa Oliveira, não suportou a descrição sobre onde foi encontrado o sangue da menina no apartamento de onde a criança caiu. Rosa deixou o plenário às 11h15.

Interrogatório do casal
O julgamento do casal Nardoni deve ser retomado nesta quinta-feira (25) às 9h já com o interrogatório do casal. Ainda não há definição sobre quem falará primeiro: se Anna Carolina Jatobá ou Alexandre Nardoni.

A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, continuará incomunicável no fórum e poderá ser convocada à sala.

G1 da Globo

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