quarta-feira, 10 de março de 2010

Fevereiro mais seco em 21 anos


Os meteorologistas erraram nas suas previsões? E os mestres de Quixadá pisaram na bola em matéria de inverno? A falta de chuvas está preocupando.

"Fevereiro mais seco dos últimos 21 anos" diz a manchete de O Povo. E se a gente der uma paradinha para olhar os termômetros vamos ficar assombrados.

A temperatura máxima nesta terça feira, segundo o Climatempo, atingirá niveis quase insuportáveis. Crato terá 32 graus. Sobral 35. Juazeiro, 33. Fortaleza tem máxima de 32 mas a sensação térmica é de 40°.
Por Nonato Albuquerque
Veja matéria completa do jornal O POVO
Fevereiro de 2010 foi o mais seco no Ceará nos últimos 21 anos. Em média, choveu no Estado apenas 33 milímetros em fevereiro deste ano, 78,2% abaixo da média histórica. Em Fortaleza, foi registrada a maior temperatura para este mês desde 2005: 34º Celsius.

No Sertão Central, região onde choveu menos, foram apenas 20,8 milímetros de chuvas no mês, quando o esperado seria de 139,9 mm. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Segundo o órgão, o quadro de escassez de chuvas deve continuar em março, abril e maio deste ano, período em que há 45% de chances de chover abaixo da média histórica no Ceará.

A meteorologista da Funceme, Gláucia Barbiere, afirma que três fatores explicam a falta de chuvas: o fenômeno ``El Niño`` (aquecimento das águas do Pacífico), que influi nas condições do clima em escala mundial, a não atuação da Zona de Convergência Intertropical, e as altas temperaturas registradas no Estado, com máximas que variam entre 30º C e 33º C.

``Não houve alteração desse quadro de janeiro para cá. Se não houver mudança da atuação do -El Niño-, a chegada da chuva se complica``. Ela acrescenta, porém, que o principal fator para que as chuvas de fato comecem é a descida da Zona de Convergência Intertropical.

``Hoje ela está a cerca de 3º acima da linha do Equador, porque as águas do Atlântico Norte estão mais quentes. Em consequência disso, o principal sistema de formação de chuvas no Nordeste (a zona de convergência) não está atuando``.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraerce), Moisés Braz Ricardo, classifica a situação da escassez de chuvas como ``altamente preocupante e emergencial``. Segundo ele, a perda do plantio de feijão e milho e o acesso a água potável já afetam comunidades rurais de municípios das regiões Norte, do Sertão Central e do Sertão dos Inhamuns.

``Na situação que estamos hoje, mesmo que venha a chover, só se recupera o plantio da Ibiapaba e do Cariri, o que representa uma pequena parcela do que já foi plantado. No resto do Estado, a perda é de 100%``.

O secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado, Antônio Amorim, minimiza as perdas de plantio já no começo de março. ``Na nossa compreensão o inverno ainda não começou. A gente trabalha com a probabilidade de termos o início das chuvas na segunda quinzena de março``, diz ele, baseado na Funceme.

O secretário afirma ainda que não tem conhecimento de agricultor que tenha plantado a propriedade inteira. ``A área plantada é percentualmente pequena se você observar a área total do Estado. Mas quem já iniciou o plantio, se confiando nas primeiras chuvas, fez isso de fato se arriscando``, adverte.


MÉDIA DE CHUVAS
ANO MILÍMETROS
1990 127,6
1991 113,9
1992 174,6
1993 76,3
1994 164,6
1995 164,8
1996 133,2
1997 70,6
1998 58,2
1999 107,2
2000 183.3
2001 88.7
2002 59.1
2003 199.6
2004 274.4
2005 61.2
2006 136.3
2007 247.0
2008 100.9
2009 164.9
2010 33,0
Thiago Mendes

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