domingo, 2 de outubro de 2011

Aperte o parafuso certo, governador!


O gestor que acha que salário e motivação não estão ligados é no mínimo, um tolo.
Foto: Chico Javalí
Em meados do século XX, com o advento das teorias humanísticas da administração, um estudioso chamado A. Maslow desenvolveu um sistema em forma de pirâmide que organizava as necessidades humanas em degraus, que para alcançar à auto-realização (o topo da pirâmide) as demais abaixo deveriam ser atendidas, satisfeitas. Este sistema que se inicia com a satisfação das necessidades básicas (comer, dormir, ir ao banheiro, ter onde morar e etc) e logo em seguida parte para as mais elaboradas até a auto-realização, descreve como numa receita o que é necessário para manter um profissional motivado e satisfeito, apto a produzir e dar o retorno exigido à organização. Afinal ninguém sai de casa para dar lucro aos outros, sem receber nada em troca ou de igual valor que se dá. No mundo capitalista o capital (dinheiro) ainda é base da sobrevivência.

Dentro deste processo de crescimento e evolução profissional que chamamos de carreira, algo mais amplo e elaborado que emprego que trata apenas de uma ocupação sem uma visão holística do todo, a empresa, ou instituição que detém este profissional, tem por dever, se deseja o seu crescimento, investir no profissional que dispõe, pois na maneira que o mesmo se desenvolve e agrega valor ao seu portfólio, adquire novos conhecimentos chegando a práxis, também leva a empresa junto com ele. Assim investir no seu profissional, é investir em si mesma; isso se a organização age estrategicamente, se não age, está fadada ao comodismo, ao fracasso iminente ou a baixos resultados.

Joel Souza Dutra, em seu artigo, Carreira: Diferencial para o sucesso profissional e pessoal, vem nos dizer que “(...) É importante perceber a ampliação do espaço ocupacional como uma indicação do desenvolvimento da pessoa e de sua maior capacidade de agregar valor, o que deve, portanto, estar atrelado ao crescimento salarial”. Dar atribuições ou inúmeras responsabilidades e estas não condizerem com uma correta política de ascensão salarial, pode-se no mínimo considerar que este gestor não possui nenhum conhecimento do que é necessário para a gestão de pessoas, gerando então baixos rendimentos e insatisfações, levando nos crer que seja um gestor imaturo ou que não transforma seu conhecimento em prática, caso o tenha.
No inicio, o trabalho era tido como uma ferramenta de desenvolvimento intelectual e humano que custeava as necessidades da família que o praticava. Era o meio de sobrevivência da família e era praticado de acordo com a intensidade da necessidade da célula que o abrigava. Assim o artesão produzia sua peça, fruto de seus conhecimentos e competências desenvolvidas e passadas de geração em geração e vendia pelo preço que considerava justo, obtendo o devido sustento como já mencionado na relação acima. O “como se faz” era valorizado, a isso damos o nome de competência e competência hoje, custa caro, mas é pouco valorizado em determinados fatores. A exemplo, o que esta sendo feito com a classe de professores atualmente no Ceará. E se fosse somente no Ceara seria um problema pontual. A desvalorização se dá em todo o Brasil.
Existe uma pequena historia, onde determinada vez um computador milionário de uma grande empresa, que abrigava um banco de dados corporativo de extrema importância deu problema e foi chamado um técnico. O técnico chegou, apertou algumas teclas, colocou a mão no queixo, analisou alguns dados na tela, se dirigiu para trás do computador, tirou uma minúscula chave do seu estojo de ferramentas, apertou um parafuso e o computador voltou ao normal. O presidente da empresa admirado com a rapidez e destreza do jovem técnico perguntou, quanto custava o serviço. O mesmo informa R$ 1000,00 (um mil reais). Mas como assim mil reais, para apertar apenas um pequeno parafuso, que ate eu apertaria, disse o presidente, que continuou; muito bem eu pago, contanto que você faça uma nota explicando cada coisa que você fez que justifique eu pagar esse valor. No outro dia chegou a nota na empresa que dizia:
Apertar um parafuso R$ 1,00 (um real).
Saber qual parafuso apertar R$ 999,00 (novecentos e noventa e nove reais).
Esta pequena historia, prezados amigos, remonta a importância, o valor imensurável da competência de um profissional. E me leva a perguntar, se o Exmo. Senhor Governador do Estado do Ceará ainda sabe disto, mas sou levado a crer que para ele, devido o desenrolar dos últimos fatos, que isso não passe apenas de um mero detalhe diante de sua eloqüente capacidade de liderar pessoas.
Confesso que pelo bem de minha sanidade, ainda não acredito que o Governador que tanto admiro por promover uma reforma e atualização da estrutura estatal às novas práticas de gestão organizacional, tenha dito que os professores deveriam ensinar por amor e não pelo salário e que caso os mesmos quisessem ganhar mais, fossem ao ensino privado.
Com todo o respeito que tenho pela pessoa do Ilustríssimo governador ouso perguntar, tendo em vista o quadro que montei, se Vossa Excelência o Governador saberia qual parafuso apertar e resolver o problema da educação e da crise educacional no Ceará.

Getulio Freitas
Estudante de Administração pela Universidade Federal do Ceará – UFC
Ambientalista, membro atuante da Associação Serrazul de Ibaretama
Colunista do portal Revista Central
As opiniões aqui expressas não necessariamente coincidem com a da Revista Central


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