Paralisação é mais um grande transtorno que a população cearense terá de enfrentar
Os 535 bancários de várias instituições bancárias, tanto públicas como privadas, reunidos em assembleia ontem, na sede do sindicato da categoria, rejeitaram a proposta da Federação Nacional de Bancos (Fenaban) e aprovaram a deflagração de greve a partir desta quarta-feira, por tempo indeterminado.
A decisão da categoria foi uma resposta aos banqueiros, que negaram todas as reivindicações dos bancários - entre as quais, um índice de 11% de reajuste salarial - e apresentaram como proposta de reajuste apenas a reposição da inflação de 4,29%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Os bancários cearenses participaram de forma expressiva da assembleia de ontem, decidindo cruzar os braços assim como fizeram os seus colegas de categoria, trabalhadores do resto do País, que lutam pelas mesmas reivindicações.
"Depois de 30 dias de negociações, dizer não a todas as reivindicações sobre saúde, melhores condições de trabalho, garantia de emprego e aumento real é um insulto aos bancários, que tanto contribuem para os resultados estratosféricos das instituições financeiras", disse Tomaz de Aquino, diretor do Sindicato dos Bancários.
Hoje, os grevistas realizam piquetes. Com data-base em 1º de setembro, as principais reivindicações dos bancários são as seguintes: 11% de reajuste salarial; piso salarial de R$ 1.510,00 para portaria, R$ 2.157,00 para escriturário (salário mínimo do Dieese), R$ 2.913,00 para caixas, R$ 3.641,00 para primeiro comissionado e R$ 4.855,00 para primeiro gerente; cesta-alimentação; auxílio-creche/babá; previdência complementar em todos os bancos e Planos de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) nas instituições bancárias. A reportagem tentou falar com a Fenaban, mas não obteve retorno.
Por sua vez, os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) do Ceará iniciaram, ontem, uma semana de paralisações temporárias. A primeira unidade a parar, por uma hora, foi o Centro de Triagem, no bairro Cidade dos Funcionários, onde houve manifestação. Hoje, os servidores vão fazer uma paralisação na sede do órgão localizada na Avenida Francisco Sá.
Denúncia
A intenção do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE) é denunciar "as péssimas condições de trabalho". De acordo com o sindicato, os carteiros estão sobrecarregados e, por isso, não podem ser considerados os responsáveis pelos atrasos ocorridos na entrega das correspondências.
A principal reivindicação dos funcionários da ECT é a realização de um concurso público, para que aconteça uma ampliação no número de contratados. "Temos poucas pessoas trabalhando. Por isso, estão cancelando as férias de alguns servidores", disse a diretora do Sintect-CE, Lurdes Félix.
Ela explicou que existe bastante falta de respeito da diretoria da ECT com os funcionários e casos de assédio moral. "O Recursos Humanos dos Correios chega a ser desumano. Temos de chamar atenção para isso, pois estão nos prejudicando", afirmou a diretora. A assessoria de imprensa dos Correios afirmou que não houve nenhuma paralisação dos funcionários. Segundo a assessoria, tudo não passou de uma ameaça.
PREJUÍZOS
Funcionários da SRTE retornam ao trabalho
Após 174 dias de greve, os servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) retomam, hoje, as suas atividades, atendendo normalmente ao público. O retorno será marcado por um ato público, acompanhado de café da manhã, que ocorre às 9h, na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego (SRTE-CE).
A volta se deve ao fato de que na ultima quarta-feira, 22, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela legalidade da greve, tendo em vista que foi o governo Federal quem descumpriu todos os acordos firmados com a categoria, além de não negociar com a mesma.
O julgamento do STJ garantiu que o governo não poderá cortar pontos ou também prejudicar administrativamente ninguém que tenha participado da mobilização.
Os dias parados deverão ser repostos. O STJ declinou de interferir na decisão sobre a implantação de um plano de carreira específico para o MTE.
O superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Papito Oliveira, afirmou que, em no máximo uma semana, todo o funcionamento do SRTE-CE estará restabelecido. "Vamos melhorar todos os serviços e vamos tentar diminuir o prazo para o recebimento da carteira de trabalho", comentou Oliveira.
Atraso
Os caçambeiros que transportam material tirado de obras do túnel da Avenida Imperador, do Metrô de Fortaleza (Metrofor), cruzaram os braços, desde o começo da semana, devido ao não pagamento de dois meses de trabalho. Das 33 caçambas, apenas três estavam no canteiro de obras ontem de manhã.
"Essa greve está atrapalhando tudo, não dá para trabalhar sem o pessoal que faz a retirada da areia. Estamos sem ter o que fazer", comentou operador de máquinas, Francisco Queiroz, sentando em um banco esperando o possível fim do impasse.
"Os caçambeiros já estão em negociação. Eles se reuniram na última segunda-feira com o consórcio que ganhou a licitação para realizar o serviço. Todos nós temos o interesse em resolver o impasse", disse Renan Souza, administrador da empresa executora, a Otto Engenharia, de Campo Grande-MT.
ADALMIR PONTE
REPÓRTER
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