terça-feira, 13 de julho de 2010

Sertão Central: Hospital Maternidade busca alternativas

Maior centro de assistência maternal e infantil tenta superar dificuldades com recurso de programas sociais

Quixadá. Considerado pela Unicef Hospital Amigo da Criança, o Hospital Maternidade Jesus Maria José (HMJMJ) é o único filantrópico do Centro do Estado. Além da assistência maternal e obstétrica, cirurgia geral e pediatria, na região somente ele conta com UTI neonatal e acolhimento para gestantes. Todavia, manter esses atendimentos não é tarefa fácil. Os repasses dos convênios não são suficientes. Mantido pela Diocese de Quixadá, o centro de assistência não conta com recursos próprios. O déficit mensal chega a R$ 20 mil, lamenta o diretor geral, José Luis da Mota.

Poderia ser muito mais não fosse o auxílio de programas sociais. O diretor cita o Nossa Nota, do Governo do Estado, como exemplo. Com a contribuição da população, consegue recolher mensalmente milhares de notas fiscais. São trocadas por bônus e, com eles, comprados equipamentos para o Hospital Maternidade. Mota e sua equipe também lutam por um convênio com a Coelce. Segundo ele, o processo para doações por meio da conta de energia está na fase final. A expectativa ainda é para este ano.

Sensibilização

Outra opção é a sensibilização dos prefeitos da região. A Casa da Gestante (um abrigo provisório para o período pré-parto e pós-parto) acolhe, mensalmente, mais de 70 futuras mães. A maioria, mais de 60%, é da zona rural de Quixadá. Também chegam de Banabuiú, Choró, Ibaretama, Ibicuitinga, Solonópole, Pedra Branca e Milhã com frequência. Existem casos, inclusive, de outros Estados, como Tocantins. No início de abril foram recebidas duas delas, com bebês prematuros. Além da hospedagem, toda a alimentação foi custeada pelo HMJMJ.

A diretora operacional do Hospital Maternidade, irmã Ana Maria, tentou sensibilizar os prefeitos acerca da necessidade de uma contribuição mensal mínima, de R$ 500,00. Até hoje nenhuma Prefeitura colaborou.

Desde março de 2002, quando foi inaugurada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a Casa da Gestante vem se mantendo graças à generosidade de poucos. Deveria estar fechada, mas a caridade prevalece. O sofrimento de quem precisa de repouso antes e após o parto com certeza seria muito maior.

Manutenção

Apesar da administração austera, sem luxos, manter uma equipe de 181 profissionais não é fácil. Os gastos com a manutenção de equipamentos também são elevados. Somente na UTI neonatal são investidos mensalmente, em média, R$ 30 mil. Há esforço na economia de água e de energia elétrica. A conta da luz chega a R$ 15 mil, a da água é superior a R$ 5 mil.

No ano de 2008, o centro de assistência hospitalar, então dirigido por Rafael Porto Cabral, somente não fechou o ano no vermelho porque a Receita Federal doou produtos apreendidos para a realização de uma feira que resultou numa renda de, aproximadamente, R$ 500 mil.

Naquela época o principal problema do financiamento público da unidade era o repasse insuficiente dos municípios conveniados. "Por exemplo, um município contrata dez atendimentos num mês. No entanto, geralmente, nós atendemos muito mais casos além da cota, porque a Maternidade é uma unidade de emergência", explicava Rafael Porto Cabral em uma audiência pública.

De acordo com ele, os casos que excediam, muitas vezes, não eram pagos, ficando o prejuízo para a Instituição.

Responsabilidade

José Luis da Mota
Diretor Geral do HMJMJ
"Temos uma responsabilidade grande em nossas mãos. Por isso estamos sempre a procura de alternativas"

MAIS INFORMAÇÕES 
Hospital Maternidade Jesus Maria José
(88) 3412.0681

Alex Pimentel
Colaborador
Diário do Nordeste

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