Bento XVI afirmou que a Igreja Católica deve cumprir penitência por pecados; ele se reuniu com bispos brasileiros
Roma. O papa Bento XVI afirmou, ontem, que o escândalo de abuso sexual que abalou o catolicismo mostrou que a Igreja precisa cumprir penitência por seus pecados, em uma rara referência pública do pontífice sobre a pedofilia no sacerdócio.
"Agora, sob ataque do mundo que nos fala sobre nossos pecados, podemos ver que a capacidade de cumprir penitência é uma graça e vemos o quanto é necessário cumprir penitência e, então, reconhecer o que está errado em nossas vidas", afirmou o papa durante uma missa no Vaticano.
Isso envolveria "abrir-se para o perdão, preparar-se para o perdão, permitindo que se seja transformado", disse o papa, cuja última manifestação sobre o escândalo foi uma carta ao povo irlandês, divulgada no dia 20 de março.
O foco de Bento XVI na questão da penitência é um contraste à ênfase recente dos altos clérigos, defendendo a Igreja e o papa do que eles retratavam como uma campanha orquestrada por uma mídia hostil.
O assessor pessoal do papa chegou a comparar o escândalo de abuso ao antissemitismo, gerando fortes críticas dos judeus e das vítimas dos abusos pelos padres.
Bento XVI também respondeu aos críticos da Igreja, retratando-os como escravos de uma "ditadura" conformista. "Conformismo que torna obrigatório pensar e agir como todos os outros, e a sutil - ou não tão sutil - agressividade contra a Igreja demonstra o quanto essa conformidade pode ser realmente uma verdadeira ditadura", afirmou o papa.
"Coração do Brasil"
Também ontem, Bento XVI se reuniu com uma comitiva de bispos brasileiros da região do Amazonas, que foram à Roma para expor os problemas da Igreja Católica no norte do País.
O papa afirmou que Jesus é "o coração do Brasil". "Ele é verdadeiramente o coração do Brasil, de onde vem a força para todos os homens e mulheres brasileiros se reconhecerem e se ajudarem como irmãos", comentou o pontífice.
Durante o encontro, Bento XVI manifestou preocupação com a interação entre religiões no Brasil, e pediu para os religiosos evitarem qualquer "sincretismo", respeitando ao máximo a disciplina do culto.
O papa complementou que "por tudo que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica: a presença real de Cristo na hóstia e nos cálices consagrados", o papa defendeu ainda que o culto "não pode nascer da nossa fantasia". "Se Cristo não emerge da liturgia, não se trata de liturgia cristã", afirmou.
Bento XVI lamentou também que ainda hoje haja "uma mentalidade incapaz de aceitar a possibilidade de uma real intervenção divina neste mundo em socorro dos homens".
A comitiva de bispos brasileiros pediu orientação enumerou ao pontífice os principais desafios da Igreja Católica do Amazonas, entre eles os problemas ecológicos e sociais, além do acompanhamento da formação de futuros sacerdotes.
Pecados
"Vemos o quanto é necessário reconhecer o que está errado em nossas vidas"
Bento XVI, Papa
Com informações do Diário do Nordeste
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