segunda-feira, 10 de maio de 2010

Parada da diversidade sexual de Quixadá reuniu pessoas de todos os gêneros


Quixadá
Prada_gay_qxda_080506Prada_gay_qxda_080501Prada_gay_qxda_080502Prada_gay_qxda_080505Mesmo com um público abaixo do esperado, a primeira parada da diversidade sexual de Quixadá reuniu pessoas de todas as opções sexuais.
Muita alegria, dança e uma frase que por diversas vezes foi proclamada na primeira parada gay de Quixadá: Cidadania sim, homofobia não, foi com este grito de guerra que, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, além de heterossexuais desfilaram por vários ruas da cidade dos “Monólitos”.
O que chamou a atenção foi à grande quantidade de familiares prestigiando o movimento que teve concentração no bairro Alto São Francisco e percorreu várias ruas, o desfile nas ruas foi puxado pela apresentadora do programa Mania de Você da TV Diário de Fortaleza, Regininha Duarte. O Mister Turismo Mundial 2009, Marcos Rafael também compareceu ao evento.
O pai de família Lindeli Lopes Ferreira, 34 anos, compareceu a concentração, ele levou as suas duas filas, disse que o preconceito é uma coisa que deve ser combatida entre as pessoas, “não tenho preconceito, cada qual faz o que bem quer da sua vida, se tiver um filho ou filha que queira ser gay ou lésbica não tenho nada contra”. O casal Antonio Valdemir e a sua esposa Antonia Irailce, moradores do Alto São Francisco foi prestigiar os seus patrões. A domestica, trabalha a anos em uma casa de gays, “estou aqui para mostrar que duas pessoas do mesmo sexo podem viver juntos sem nenhum problema”, já Valdemir disse que o importante é ser feliz, garante que estava no encontro pela folia.
A senhora Maria José Costa, 45 anos, mãe de duas filhas também foi ver de perto a parada, apoia o casamento entre casais do mesmo sexo, “acho interessante como eles estão conseguindo o espaço tão sonhado, sou totalmente favorável ao casamento gay”, defende.
A bissexual, Patrícia Nogueira, 18 anos, assumida a mais de dois anos, estava muito feliz, “realizar um evento disse em uma cidade como Quixadá não é fácil e receber a presença de pessoas de todos os gêneros, mostra que a nossa população está mudando a sua mente”, ela conta que ao revelar para os seus pais que gostava de homens e de mulheres, os mesmos não aceitaram e teve momentos difíceis na sua vida, mas já superados entre seus familiares.
Cleyton Camuça Rabelo, 22 anos, mora em Fortaleza, gay assumido, veio prestigiar o evento na terra dos Monólitos, ressalta que nos últimos anos a sociedade vem absorvendo a classe com menos preconceito, mas garante que há muito atos discriminatórios, um dele é conseguir um emprego, Prada_gay_qxda_080507“o gay pode ter todas as qualificações exigíveis em determinada vaga, mas por ser gay ele sempre perde a vaga”, desabafa. Hoje empregado, conta que viveu anos sempre ouvindo não de empresários.
A madrinha da festa foi à deputada petista Rachel Marques, a mesma defendeu mais punição para quem discriminam esta classe. Sobre a homenagem em ser a madrinha da parada, garante que o movimento se dá pelo seu trabalho em defesa desse público. A parlamentar defende leis que punam a homofobia e todas as manifestações discriminatórias. “Temos que lutar por leis que punam a homofobia contra a opção sexual”.
A apresentadora do programa Regininha Duarte soltou o verbo, para ela o preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais é cometido por pessoas que não tem o que fazer. “Cada qual cuide do seu quintal, deixe o do seu vizinho que ele sabe cuidar”. A apresentadora destaca que sofre preconceitos por apresentar um programa voltado para o público adulto.
No Balneário Cedro Clube,Prada_gay_qxda_080505aconteceu o primeiro concurso para eleger a Miss Gay Sertão Central. A vencedora foi Jhuly Esthêfane, 16 anos, garante que vai lutar para que a sociedade veja eles como pessoas normais e não como doentes.
A líder da organização, Gaúcha Maia, pretende realizar todos os anos este tipo de manifestação, para ela, é a melhor forma de combater a homofobia.
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Fique por dentro
A discriminação sexual resiste, mas há sinais claros de que a luta contra o preconceito no país atravessa uma fase de transformação significativa. Apesar do recrudescimento das forças conservadoras no Brasil e no mundo, o atual cenário público brasileiro é favorável aos direitos das pessoas GLBT: pesquisas mostram que quase metade da população brasileira apóia a união civil entre pessoas do mesmo sexo; o país
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tem uma jurisprudência favorável aos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros; paradas do Orgulho GLBT acontecem em todo o país; o Programa Brasil Sem Homofobia, do governo federal, continua com suas 53 ações em 10 ministérios e secretarias especiais; a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou um projeto de lei que reconhece, para
fins previdenciários, companheiros (as) do mesmo sexo de servidores públicos do estado; e há um Projeto de Lei que criminaliza a homofobia a ser votado no Senado – o PLC 122/2006 – cuja proposta é tornar ilegal a prática de atos de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, equiparando-os a outros tipos de discriminação, como a racial, por exemplo. O PL também propõe criminalizar a discriminação relativa ao recrutamento para contratação profissional ao acesso à educação, à locação de bens móveis ou imóveis, à manifestação pública de afeto, bem como atos violentos ou constrangedores praticados contra pessoas GLBT.
O projeto tem gerado intensas discussões no Congresso Nacional e recebido resistência principalmente dos parlamentares que compõem a chamada “bancada evangélica”. Os que se opõem à sua aprovação, alegam que o PL cerceará a liberdade religiosa e já estão chamando a proposta de “projeto da mordaça gay”. Em vista disso, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (ABGLT) redigiu um manifesto a favor do PLC 122/2006, através do qual pretende angariar adesões favoráveis à aprovação do projeto.
“Desde a promulgação da atual Constituição Federal, em 1988, nenhum projeto de lei especificamente voltado para a promoção da cidadania de GLBT foi aprovado. Como resultado, atos de discriminação contra GLBT passam impunes. Uma vez aprovada à lei, e as punições forem sendo aplicadas em casos de discriminação por orientação sexual nou identidade de gênero, deverá passar a haver mais respeito para com as pessoas GLBT a mais reconhecimento da diversidade sexual como um direito. Com o passar do tempo, deverá se tornar cada vez menos difícil os GLBT se assumirem publicamente”, afirma o ativista Toni Reis, presidente da ABGLT.
Para o antropólogo Sergio Carrara, coordenador do CLAM, que vem acompanhando as discussões no Senado, o grande problema para as pessoas que se colocam contra o projeto é que elas antevêem uma possibilidade de não poder mais discriminar. “Em um determinado momento nesses debates, alguém disse que, com o projeto, uma dona-de-casa não poderá mais despedir a babá se ficar sabendo que ela é lésbica. Como se, ser lésbica, justificasse uma demissão. A questão, para essa pessoa, não é se ela trata bem ou mal a criança, mas sim que ela é lésbica. As pessoas não conseguem perceber o quanto de discriminação está presente nessa afirmação, tão natural deste ponto de vista. 
Na análise de Carrara, o que tem sido difícil para as pessoas lidarem é a possibilidade de conviver com outras manifestações afetivas e outros tipos de casais. “O projeto simbolicamente aponta isso, que essa convivência no espaço público terá que acontecer, e os incomodados vão ter que sair. Isto já mostra a importância do projeto: ele sinaliza e coloca os limites, garantindo a presença de pessoas que estão excluídas do espaço público. Por outro lado, também temos que levar em consideração os dados que são produzidos sobre violência por orientação sexual. Ser agredido é uma experiência cotidiana da população GLBT”, observa o pesquisador.
Confira o vídeo:

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