quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ibaretama: Lojistas protestam contra crise econômica

Falta de unidade bancária e transferência de pagamento de servidores provoca crise econômica em Ibaretama



Ibaretama. Embora ainda pequeno, com pouco mais 60 estabelecimentos, o comércio de Ibaretama, distante 130km da Capital, fechou suas portas na manhã de ontem. Era um protesto contra a crise econômica provocada pela transferência dos serviços bancários neste Município, onde há somente um posto da Caixa Econômica, para bancos em Quixadá. A mudança está provocando queda contínua no faturamento do comércio local. Sustentado basicamente pela agricultura familiar, aposentados e servidores públicos, o Município amarga o maior colapso financeiro desde sua emancipação, no ano de 1988.


Segundo um dos mobilizadores do movimento, Karpegeanne Vieira, no início do ano passado a Prefeitura aboliu o contracheque e adotou o cartão magnético para pagamento da folha municipal. O objetivo era facilitar o atendimento do funcionalismo, todavia, o posto de atendimento da Caixa nunca tem disponibilidade financeira para atender a clientela. O problema se agravou nos últimos meses provocando redução superior a 60% nas vendas. "A falta de uma agência aqui está inviabilizando o comércio local e levando a renda para a cidade vizinha, Quixadá", completa.



Dinheiro desapareceu


Na opinião da comerciante Alzenira de Sousa Melo, mais conhecida por Denize, uma das lideres do movimento, o dinheiro praticamente desapareceu da cidade. Os remédios de sua farmácia estão mofando nas prateleiras. Nos outros estabelecimentos a situação é praticamente a mesma. Todos estão amargando prejuízos. Para ela, a solução é a implantação de uma agência, o mais rápido possível. Enquanto não chega, quem mora na zona rural praticamente nem passa mais pelo Centro da cidade. Prefere correr para os bancos de Quixadá, onde tem fila, e dinheiro também.

Caso a situação persista, muitos pretendem baixar as portas de vez. Outros estão pensando em partir para outras cidades. Esse é o caso do proprietário da Comercial Miguel Moveis, Francisco Eudásio de Oliveira. Ele ainda mantém aberta a única loja de eletrodomésticos de Ibaretama. Seus produtos têm os mesmos preços de outros estabelecimentos do gênero. As mercadorias estão mais perto de casa. Mesmo assim, as vendas caíram em mais de 50%. Foi obrigado a demitir dois funcionários. Se a situação não for revertida o mais rápido possível o jeito será mudar para Ocara.

Para evitarem a falência, os comerciantes resolveram se reunir com as lideranças locais em busca de solução. O encontro ocorreu na Câmara de Vereadores do Município, situada no corredor comercial da cidade. O prefeito, Edson Moraes, vereadores e gerentes de bancos da região foram convidados.



Paralisação


Como praticamente já não havia movimento, o comércio parou de vez. O Banco do Brasil, Banco do Nordeste e nem a Caixa Econômica Federal enviaram representantes. Em nome do prefeito, o auxiliar Humberto Maria Júnior justificou estarem sendo adotadas providências junto à superintendência da CEF para solucionar o problema. O encontro deve ocorrer na próxima semana. O prefeito pretende reivindicar a implantação de uma mini-agência na cidade. Ao mesmo tempo, a Prefeitura incentiva a criação da Associação Comercial do Município. Outras propostas apresentadas foram a criação de uma rede de compras, a informatização do setor e até promoções e estratégias de marketing.

Humberto Júnior citou como exemplo o modelo utilizado no Município de Varjota, onde, segundo ele, os comerciantes custeiam o transporte de quem mora na zona rural para a sede do Município. Coincidentemente a cidade situada na Zona Norte do Estado possui as mesmas características e praticamente o mesmo número de habitantes de Ibaretama. Com a iniciativa conseguiram atrair a clientela para o comércio local. "Para se deslocarem da sede para Quixadá pagam R$ 3,00.Também perdem tempo nas viagens".

O representante municipal reconhece a carência da assistência bancária como principal gargalo econômico. Cerca de R$ 70 mil do Bolsa Família são pagos no posto de atendimento da CEF, mas distribuir R$ 600 mil da folha municipal todo início de mês é impossível com a atual estrutura. Apesar da agência lotérica possuir vários caixas, o movimento máximo de dinheiro por dia é de R$ 20 mil. Seriam necessários pelo menos 40 dias para pagar todos os servidores. Outro problema é a segurança. Será necessário reforçar o efetivo policial nos dias de pagamento. A reportagem do Diário do Nordeste procurou manter contato telefônico com as gerências da CEF e do Banco do Brasil, mas até o enceramento desta edição não foi possível.



Recuperação


"Com união, empenho e criatividade encontraremos uma breve solução"
HUMBERTO MAIA JÚNIOR
Representante da Prefeitura

"Preços justos e atendimento de qualidade. É o que qualquer consumidor deseja"
Ana Paula Silva
Servidora pública municipal

"Estamos enfrentando a pior crise desde a fundação da nossa cidade, em 1988"
ALZENIRA DE SOUSA MELO
Comerciante



MAIS INFORMAÇÕES 
Prefeitura Municipal de Ibaretama
Rua Padre João Scopel, 53 - Centro
(88) 3439.1055




Alex Pimentel
Colaborador
Diário do Nordeste


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