segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Papo Reto: Carneirissimamente

Por João Vieira Picanço

Há um ditado antigo que diz: não eleve o sapateiro acima da sandália. Já o grande colunista social desse país Ibrahim Sued dizia: se pegarmos um caipira, o levarmos a Londres e o vestirmos de príncipe de Gales ele jamais será o príncipe de Gales. Será sempre um caipira vestido de príncipe de Gales. O povo desse país pegou um corrupto, um desonesto, um cínico larápio e o colocou no cargo de presidente da república. Que maravilha. Que beleza. Afinal esse país tem dimensões continentais, riquezas mil e um povo APÁTICO, INERTE INDOLENTE, VASSALO, SERVIDOR VOLUNTÁRIO.


Como diz Fernando Pessoa no poema SOLENEMENTE: "Solenemente, CARNEIRISSIMAMENTE..." Povo calado e o corrupto vestido de presidente brincando com o poder. Compra comparsas pra se livrar de inquéritos e denúncias. Libera verbas  para os cumplices. E quem paga a conta? Infelizmente o povo CARNEIRISSIMAMENTE. Kalil Gibran tem um poema que diz: " ...vós tendes o vosso Líbano e eu tenho o meu..." Essa gangue que assola o país tem o país da propina, da roubalheira, da impunidade, dos  conchavos e do cinismo. Já eu tenho o meu país. O país do analfabetismo, da falta de merenda escolar, de educação de qualidade, de transporte público eficiente, de saúde resolutiva, de empregos, de oportunidades. 

Rogamos todos os dias para a insensibilidade desses políticos, mas não nos dão ouvidos. Roberto Carlos há 45 anos atrás já dizia: "...todos estão surdos..." Nada mudou. E se mudou foi pra pior. Agora o corrupto vestido de presidente pretende elevar o imposto de renda, humilhar o aposentado com uma reforma da previdência avassaladora. Acho que se inspira no ditado árabe: " as pancadas que não quebram as nossas costas a fazem mais forte ainda". O problema é que as costas do povo já estão vergadas de tanto peso colocado por essa corja de ladrões que vivem em berço esplêndido. O sentimento, as atitudes e as palavras mostram o valor de um homem. Há 70 anos padre Belchior Maia D'Athayde, educador, escreveu a BALADA DA GRANDE VIAGEM que tem uma estrofe que diz:
"Vou-me embora, vou-me embora
Pra Belém do Grão-Pará
Que não fica neste mundo
Fica muito mais pra lá.
Para estender no caminho,
Levo o alvará da BONDADE,
A mensagem do CARINHO,
As epopéias do AMOR.
Vou-me embora, vou-me embora
Pra Belém do Grão-Senhor.
AMOR, BONDADE E CARINHO.
CARINHO, BONDADE E AMOR.
Vou-me embora, vou-me embora
Pra Belém do Grão-senhor."

Por que não temos representantes que tenham coisas boas a oferecer como Padre D'Athayde? Porque o povo anda mal observador e avaliador. Avalia a casca e não o âmago. Espero que aprenda rápido. Não há mais tempo. O abismo político e financeiro se abre aos nossos pés. Espero ainda ver meu povo cantando AMOR, BONDADE E CARINHO. CARINHO, BONDADE E AMOR.

Escolher seus representantes dignos, honestos, confiáveis, compromissados. E dessa vez não mais CARNEIRISSIMAMENTE.

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1 Comentários:

Vinícius disse...

Boa análise, Dr. Picanço. O povo, em sua maioria, só se manifesta quando a situação está em petição de miséria.