Em Ibaretama, o prefeito Francisco Edson Moraes foi investigado sob a acusação de comandar um esquema de crimes como falsificação de documentos, peculato, fraude em licitações e ´lavagem´ de dinheiro.
Foto: Kid Júnior DN |
Faltando
menos de uma semana para os cidadãos irem às urnas votar em seus
candidatos a vereador e prefeito, vale uma reflexão sobre a escolha de
seus representantes. Nos últimos dois anos, uma série de operações
conjuntas do Ministério Público com as polícias Civil e Federal, no
Ceará, deu cumprimento a cerca de 200 ordens de prisão contra políticos
cearenses, gestores municipais e estaduais, funcionários do primeiro ao
último escalão, além de empresários que protagonizaram seguidos de
escândalos administrativos-financeiros com o dinheiro do povo.
As
falcatruas lesaram os cofres públicos em muitos milhões de reais. Nem
mesmo a Justiça tem um número exato do quantitativo de dinheiro que
escoou pelo ralo da corrupção, através de tramas criminosas que passaram
por fraudes em licitações públicas combinadas com crimes de
falsificação de documentos, peculato, corrupção ativa e passiva,
estelionato, formação de quadrilha e, por fim, enriquecimento ilícito
dos envolvidos.
Na semana passada, a Reportagem fez um balanço de
quase dois anos de operações desencadeadas a partir das investigações
da Procuradoria de Combate aos Crimes Contra a Administração Pública
(Procap), do Tribunal de Justiça do Estado e dos juízes e promotores das
comarcas dos 184 Municípios do Ceará.
Cadeia
Desde
1011, as operações botaram na cadeia pelo menos, quatro prefeitos, dois
ex-prefeitos, além de outras 126 pessoas, entre secretários municipais,
membros de comissões municipais de licitação, servidores de diversos
níveis, além de empresários que haviam montado empresas de ´fachada´
para dar uma aparente legalidade à derrama de dinheiro público que ia
parar em contas bancárias dos gestores, de seus cúmplices e também de
pessoas cooptadas como ´laranjas´.
Entre os prefeitos que foram para a cadeia estão,
Pedro José Philomeno Gomes de Figueiredo (de Pacajus), Antônio Teixeira
de Oliveira (Senador Pompeu), Sávio Pontes (Ipu) e Marcos Alberto
Martins (Nova Russas). Também foi preso o ex-prefeito de Tianguá,
Gilberto Moita.
O Ministério Público pediu, ainda, a prisão do
prefeito de Ibaretama, Francisco Edson de Morais; e condenou a nove anos
de cadeia o ex-prefeito de Ipaporanga, Antônio Alves de Melo.
Desembargadores,
juízes, promotores e delegados reuniram, ao longo de dois anos,
documentos que apontam para grupos criminosos agindo em prefeituras. São
calhamaços de provas obtidas com a ajuda da Polícia Federal e de
setores de Inteligência que comprovam os golpes.
Golpes: cifras estratosféricas
Os
valores desviados dos cofres públicos, segundo as investigações da
Polícia e do Ministério Público, são altíssimos. Na Prefeitura de
Senador Pompeu, por exemplo, foram cerca de R$ 30 milhões. Em Pacajus,
R$ 20 milhões, em Trairi, mais R$ 20 milhões; em Tianguá R$ 30 milhões
e, em Ipu, R$ 3,1 milhões.
Somados os desvios, as autoridades
avaliam ´por baixo´, quase meio bilhão de reais em falcatruas praticadas
por gestores públicos nas prefeituras, com o recurso de empresas de
´fachada´ para dar legalidade ao ilegal. As autoridades estimam que os
golpes se espalharam nos últimos quatro anos pelo Estado. Ao menos, 50
prefeituras estão ou já foram investigadas.
Cadeia
Uma
das maiores operações neste sentido ocorreu na cidade de Senador
Pompeu, no ano passado, quando, de uma só vez, 32 gestores, entre eles, o
então prefeito, Antônio Teixeira de Oliveira e seu vice, Luís Flávio
Mendes de Carvalho, o ´Luizinho do Inharé´, além de outras 29 pessoas, a
maioria secretários municipais e membros da comissão de licitação,
fugiram da cidade ao descobrir que a Justiça havia decretado suas
prisões preventivas. O Município ficou literalmente abandonado por quase
três semanas, até que fosse empossado um novo prefeito. Em outra
operação, que abrangeu os Municípios serranos de Tianguá, São Benedito e
Ibiapina, na Região da Ibiapaba, a Polícia prendeu 12 pessoas, todas
acusadas de desviar recursos públicos da ordem de R$ 30 milhões através
de fraudes em licitações para a contratação de serviços de construção
civil, mão de obra e locação de veículos. Entre os acusados capturados, o
empresário Carlos Kennedy e Gilberto Mota Filho, este último, filho do
ex-prefeito de Tianguá que também foi preso por ocasião de outras ações
da Polícia e do Ministério Público.
Mais golpes
Em
Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza, os desvios de dinheiro
da Prefeitura culminaram na prisão do prefeito Pedro José Philomeno
Gomes Figueiredo e de vários assessores, entre eles, a filha e o genro.
Em
Ibaretama, o prefeito Francisco Edson Moraes foi investigado sob a
acusação de comandar um esquema de crimes como falsificação de
documentos, peculato, fraude em licitações e ´lavagem´ de dinheiro. Ele
acabou afastado mais já retornou ao cargo.
O prefeito de Nova Russas, Marcos
Alberto Martins Torres, também foi parar na cadeia com 21 outros
gestores. A maioria dos implicados já está solta.
Com informações do Diário do Nordeste
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