Por João Vieira Picanço
Templo
não é casa que, apenas, devemos frequentar; é, fundamentalmente, morada
espiritual. O corpo físico da criatura humana, é uma dessas moradas que, neste
planeta-escola, proporciona a necessária evolução do espírito. Dentro deste
plano, todos desejamos o melhor para nós próprios, e para os nossos. É uma
prerrogativa que nos assiste a todos: o direito de desejar. Nem sempre, porém,
atingimos as metas de nossas aspirações. A vida é pródiga de surpresas e
mistérios... DEUS sabe proporcionar tristezas e alegrias. Tudo, entretanto,
caminha em direção da evolução e do progresso da criatura humana. Só um enigma,
ainda não entendi: Por que me tiraste a
vida, tão cedo, Deus?
Quando parti, só tinha 18 anos. Meus pais, ainda hoje se amam com muita ternura, e
toda ternura, de seu amor, sempre fora dirigida para o único filho-EU. Tudo em
minha vida fora preparada para o meu progresso, para ampliar meu potencial
humano. Na escola, até nas matemáticas, eu “tirava de letra”. Minha família,
meus professores, meus amigos, demonstravam gostar muito de mim. A Alegria e a
serenidade sempre brotaram de meu coração, com frequência de uma grande
esperança no sentido de haurir a verdadeira PAZ de todos! E tudo se desfez,
quando dirigindo o “carrão” do meu pai, outro motorista que vinha em direção
contraria, chocou-se comigo. Não me lembro como aconteceu o desastre. A única
coisa de que me recordo foi o barulho ensurdecedor, e ferros e vidros voando para todo lado. Meu corpo inteiro
ficou inerte, e vozes gritavam, e vozes sussurravam: morreu... Tão jovem
morreu!!! Não sei se eu estava louco, ou eram os outros os loucos. O fato é que
minha sensação, já fora do meu corpo, é de que eu continuava vivo. De repente
fui socorrido por pessoas estranhas e
outras conhecidas. Os estranhas trajavam-se de médicos, e sugerindo que
comunicassem o fato de minha morte aos meus pais. As figuras conhecidas
assemelhavam-se a parentes e afins que já haviam falecido. Logo, logo, lembrei
da figura do Paulo, do Armando, que me acalentavam tal qual, quando criança eu
fora. Acorda Junior, eu cuidarei de você... Foi quando chegou o papai beijando
meu rosto, e sofreu um abatimento tão profundo, que sua fisionomia envelheceu
de repente. Pobre papai!!! E, o que será
de minha frágil mãe? Foi quando percebi
o que estava acontecendo... Beliscavam meu corpo inerte e eu gritava com minha
surda voz presa à minha garganta, sem que ninguém pudesse me ouvir: tirem-me
daqui... Acordem-me... isso deve ser um pesadelo.
Aos
poucos começavam a chegar os amigos, os colegas. Cada um indagava de forma mais
aflita: como aconteceu? Por que ele foi chamado ainda tão moço; com um futuro
tão promissor? Senti a presença de minha querida mãe. Como sua fisionomia
estava amargurada... Pegando em minhas mãos, suplicou em forma de oração: Por
favor, DEUS, meu filho só tem 18 anos, só dezoito... Senhor, tudo o que eu
quero é uma nova chance! Me leve no lugar dele!!!
De
repente, vultos assustados se deslocavam em varias direções, e portas batiam e
árvores bracejavam nas lufadas das ventanias, quando tudo parou. Houve um silêncio
profundo e imediato, seguindo-se de um grande clarão de luz, e uma voz de
esperança foi ouvida por todos: seu filho cumpriu sua missão, ficando essa
grande lição para todos os humanos: dirijam com amor e muito cuidado. A vida é
valiosa, e deve ser preservada! O corpo físico é, apenas, uma das moradas do
Pai, em que o espirito centelha divina em desenvolvimento desse templo
necessita...
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