Por João Vieira Picanço
O grande filósofo Diógenes há mais de 4 mil anos
andava nas ruas de Atenas, com uma lâmpada na mão, em busca de um homem
honesto. Estou com vontade de fazer o mesmo. Estou cansado de todos os dias ler
nos jornais tanta roubalheira descarada. Pra onde foram os princípios e a ética?
Acho que para o ralo. Os tempos são outros.
As referências e modelos mudaram. Antigamente era
sinal de prestígio familiar ter um padre na família, depois um médico, um
professor, um advogado, um funcionário do Banco do Brasil. Agora é orgulho, prestígio
ter um político ladrão na família. É bom. Vive-se na mídia e holofotes e no
final não dá em nada. O povo referenda os atos com outra reeleição. Vinícius de Moraes dizia não entender a
atração que as mulheres tinham pelos cafajestes. Já eu não entendo a atração
que os eleitores têm pelos políticos corruptos. O mesmo Vinícius no poema
"DESESPERO DA PIEDADE"
diz:
“...Tende piedade dos homens públicos e em especial
dos políticos
Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança
dos gestos de mão
Mas tende mais piedade ainda dos seus criados,
próximos e parentes
Fazei, senhor, com que deles não saiam políticos
também...”
Um amigo que se enternecia de ira pelos políticos
me conta que cansou e mudou de estratégia: - Agora só quero que os políticos
saibam que também tenho mala e cueca pra esconder dinheiro também. E cobro
barato. Padre Antônio Vieira no sermão do bom ladrão escreve:
“levarem os reis consigo ao paraíso os ladrões, não
só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que
com ela coroou e provou o mesmo cristo a verdade do seu reinado, tanto que
admitiu na cruz o título de rei”.
Mas o que vemos praticar em todos os reinos do
mundo é, em vez de os reis levarem consigo os ladrões ao paraíso, são os
ladrões que levam consigo os reis ao inferno.
Exatamente como nos dias atuais: o povo não leva os
maus políticos as tribunas. Elege e permite que os maus os levem a miséria, a
desgraça e opressão. Que o povo diga minha culpa, minha máxima culpa. Lembro-me
de uma passagem bíblica: Pilatos pergunta a multidão: - Jesus ou Barrabás? E o
povo responde: - Barrabás. Pilatos então diz: lavo minhas mãos do sangue desse
inocente. Engraçado como até hoje escolhemos os ladrões. Tive um sonho
engraçado outro dia. Sonhei que me colocava no lugar de Pilatos. E perguntava:
- o povo ou os políticos? Pra minha surpresa vi que tinha a bacia, a água pra
lavar as mãos, a toalha pra enxugá-las, mas ME FALTAVA O INOCENTE.
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