Por Lucas Memória
No Brasil, este
tipo de procedimento ainda não é comum. No Estado, acordo com partido poderá
possibilitar a participação.
Em descrédito, a política brasileira atravessa uma profunda crise. Em
contramão a isto, surge o desejo de candidaturas independentes, realidade em
quatro em cada dez nações, segundo o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). Na França, o presidente Emannuel Macron, elegeu-se sem
partido político. Como no Brasil este tipo de candidatura ainda não é
permitida, a saída encontrada para o cearense Ítalo Alves, pré-candidato a
deputado federal, foi procurar uma legenda que abrace as causas que defende e
respeite a sua autonomia interna, ainda que discorde de posicionamentos do
partido.
“Eu conversei com cerca de cinco partidos à nível nacional e aqui no
Ceará [PPS, PV, Rede, PSB e Podemos] e apresentei um projeto inovador de
campanha, pedindo também a minha independência. Muitos demonstraram interesse,
mas também sinalizaram que não financiariam minha campanha ou me dariam tempo
de TV, ainda que eu tivesse direito, pois outros candidatos tradicionais já
eram priorizados. O único partido que me deu a abertura que eu buscava foi o
PPS. Com ele, tenho agenda própria, posso discordar da agenda do partido, não
preciso votar com a bancada do mesmo, não preciso contratar ninguém do partido
para o meu futuro gabinete, e não preciso pedir votos para candidatos à
majoritária do mesmo. A autonomia do meu movimento social, o Acredito, é
respeitada”, disse.
O pré-candidato, no entanto, reconhece a importância do momento para
reconstruir os partidos políticos, inclusive o que se filiou. “Apesar de ter
independência, eu quero ajudar a construir o partido internamente. De forma
alguma deixaria que isso me isolasse. Muito pelo contrário. Estou, neste
momento, construindo os novos posicionamentos de segurança pública do PPS.
Acredito que a renovação deve acontecer de fora pra dentro, mas também de
dentro pra fora. O PPS se abriu nacionalmente para diversos novos movimentos
sociais. É um reconhecimento de que ele precisa participar das novas formas de
preservar a nossa democracia. Estamos falando de um dos partidos mais antigos
deste país. É incrível que ele deixe que nós, pessoas que queremos uma nova
forma de fazer política, possamos sentar à mesa das decisões para que sejamos
ouvidos. É um processo novo, que demandará muito diálogo, mas estamos prontos
pra aprender com ele”.
No Senado, discute-se uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 350)
sobre o assunto. Para os defensores, a medida fortalece movimentos sociais que,
atualmente, só podem se candidatar, caso ingressem em uma legenda. É o caso do
pré-candidato Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto
(MTST), que se filiou a um partido para disputar a Presidência.
“A nossa Constituição garante a pluralidade de opinião política. Porém,
isso está restrito aos partidos, o que limita a democracia. Se você é um
indivíduo com certos posicionamentos e tem uma grande comunidade que lhe apoia,
por que você precisa de um partido pra se candidatar? Além disso, muitos
partidos possuem um monopólio de nomeações de candidatos, preferindo sempre aquelas
candidaturas tradicionais e da velha política. Eu acredito que o Brasil só se
fortalecerá como democracia ao possibilitar as candidaturas independentes de
forma que se somem às candidaturas partidárias. Irei lutar por isso no
Congresso também.”, explica Ítalo.
CARTA-COMPROMISSO
Em reunião com o presidente do Partido Popular Socialista (PPS) e José
Frederico Lyra Netto, coordenador nacional do Movimento Acredito, em que Ítalo
é integrante, ficou acertado que os representes do grupo suprapartidário colaborarão
com a reinvenção de um novo modelo de pensar e fazer a democracia. O partido,
por sua vez, comprometeu-se a respeitar a autonomia dos membros da
entidade. “No dia da assinatura da carta, o Presidente do PPS, Roberto
Freire, falou que estava muito emocionado de poder participar de uma nova etapa
da ciência política brasileira. Uma etapa que vem pra reformar partidos que já
não servem mais a nossa sociedade como serviu àquela pós-revolução industrial.
Este é um momento importante para aquelas pessoas que poderiam ter desistido da
política de se envolver e contribuir com a reinvenção dos partidos,” finaliza
Ítalo.
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