Por Wanderley Barbosa
A revitalização da cotonicultura no Município de Quixadá e de todo sertão central vislumbra a recuperação da economia local
A região do sertão central cearense em um passado não tão distante foi uma das maiores produtoras de algodão, sendo as cidades de Quixadá, Quixeramobim e Iguatu como sendo os municípios que mais produzia este tipo de cultura. Além disso, essa oleaginosa chegou a ser a principal fonte geradora de renda e emprego de toda uma região, Quixadá chegou a ter cinco indústrias de beneficiamento do produto.
Durante década se cultivou o algodão arbóreo o famoso “mocó”. O plantio era feito em conjunto com culturas de subsistência mais adaptada a região no caso o milho, feijão e pecuária bovina extensiva. Esse trio de atividades rurais permitiu que fossem cultivadas em áreas pouco dotadas e com baixo índice chuva, combinado com um solo de reduzida fertilidade. O “algodão mocó”, apesar de apresentar baixa produtividade em relação ao herbáceo, possibilitou a geração de receita, mesmo em anos de escassez de chuvas parecido com o que estamos vivenciando no momento.
Podemos apontar como as principais causas da baixa produtividade na época, o uso de sementes de baixa qualidade, ineficiência de combate às pragas e plantas daninhas que afetavam a cultura, falta de tecnologia, o próprio sistema de parceria em uso (meação) nas capoeiras de algodão, e para completar o pagamento injusto pelo produto por parte dos atravessadores que negociavam com os pequenos produtores rurais que não tinham logística para trazer seu produto até as industrias.
Além de todas as desvantagens já citadas contra o pequeno agricultor, em 1985 foi o marco limitante do desempenho da cotonicultura quixadaense, apareceu à praga do bicudo (Anthonomus grandis, Boheman) do algodoeiro, praticamente dizimando o cultivo dessa cultura em todos os municípios da nossa região. Como de costume temos que sempre arranjar um culpado, a princípio se atribuiu ao "bicudo" toda a responsabilidade pela impetuosa queda na produção de algodão em toda região.
Mas, hoje chegamos a uma conclusão muito diferente, pois o que a referida praga causou, realmente, foi à descoberta de todas as mazelas que existiam e estavam escondidas desde o empréstimo no banco do Brasil até a venda do produto, porquanto, antes do aparecimento do referido inseto, os pesquisadores já estavam fazendo um estudo onde mostrava uma tendência de queda na produção de algodão ano após ano, e esse desestímulo por parte dos agricultores se dava por conta dos juros altos cobrado impiedosamente pelo o banco do Brasil e os famigerados atravessadores de plantão.
É claro que a praga apelidada de “bicudo” foi o tiro de misericórdia aos pequenos agricultores, elevou muito os custos de produção e teve uma participação decisiva para o processo de declínio do algodão em todo sertão central, mas é preciso considerá-lo apenas como mais um fator, dentre outros mais agressivos como os verdadeiros responsáveis pela queda de produção da cultura.
A revitalização da cotonicultura no Município de Quixadá e de todo sertão central vislumbra a recuperação da economia local, a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, bem como a maior circulação de dinheiro na região. Entretanto, essa recuperação, para se tornar realidade, deve levar em consideração quatro pontos fundamentais: preço, produto, qualidade e apoio governamental. Pois o agronegócio do algodão é bastante competitivo perante o mercado externo.
Hoje também temos um grande motivo a mais, a unidade de biodiesel da Petrobras instalada em Quixadá, pois a mesma precisa de matéria prima de origem de oleaginosa para alcançar um dos seus principais objetivos, produzir biodiesel. A citada indústria foi desenhada para estimular principalmente a agricultura familiar em nossa região, mas devido à carência de matéria prima local, hoje é preciso trazer de outras regiões óleo de soja, garantindo assim emprego e desenvolvimento em outros estados.
Como quixadaenses e por ter vivenciado na minha infância e juventude a riqueza do “ouro branco”, tenho insistido em ressuscitar o ALGODÃO, acredito que se no passado, sem infra-estrutura nenhuma, pouco conhecimento técnico se gerava muitos empregos e tínhamos uma economia bastante forte para a época, por que então hoje não podemos ter a cotonicultura recebendo incentivo do governo, da mesma forma que é dado para a mamona?. Os nossos agricultores se recebessem o apoio dos governos federal, estadual e municipal e principalmente da Petrobras, certamente no futuro bem próximo não precisaríamos importar matéria prima para a nossa biodiesel, e o mais importante: estaríamos gerando milhares de empregos e renda em toda a região do sertão central.
Wanderley Barbosa é radialista, jornalista e delegado do sindicato dos radialistas e publicitários do Ceará no Sertão Central.
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