sábado, 23 de outubro de 2010

O certo pelo duvidoso

Tomar um caminho não significa ir aonde se pretende tão pouco a decisão mais acertada, contudo não seja retirada de tal acontecimento a responsabilidade dos atos daí derivados. Diante dos fatos está colocado o ser humano sem anúncio prévio dos passos dados e em que ponto está, mas com plena capacidade para percebê-los e passar a identificação dos vindouros, dentro de limites imprecisos.
Uma decisão tem como referência inúmeras caminhadas anteriores, as vezes conscientemente outras nem tanto, mas inquestionavelmente influentes na vida de outras pessoas, pois a vida humana ocorre necessariamente no plano social, ainda quando se acredita ser ela algo particular. É importante destacar que existe uma relação profundamente íntima entre vida social e particular, porém a percepção de tal limite é indispensável e mensurável. Pode se dizer que a relevância social de um caso torna-o particular ou social, seja entendido por relevância social a inserção de tal fato no maior número de casos particulares, jamais o simples conhecimento do fato.
Existem caminhos pelos quais jamais alguém desejaria passar, contudo como os próprios acontecimentos a origem de algo não pode ser precisamente identificada. A partir do ponto localizado toma-se a decisão ou se segue em frente sem destino pré-estabelecido, contudo atingir determinado ponto exige possibilidades as quais nem sempre estão acessíveis a todos, apesar da falácia de que estejam. A hipocrisia é tanta, em relação as possibilidades ofertadas a todos, que não existe referência aos obstáculos naturais existentes, escondida tal falácia na certeza que nem todos querem atingir o mesmo ponto.
A possibilidade, uma das principais faces da liberdade, não pode permitir sua exata mensuração, não pode ser claramente identificada, mas é fato que existe a capacidade de reconhecimento de alguns obstáculos a ela. Não é razoável esperar que um objeto arremessado ao norte se dirija ao leste, como então esperar que a igualdade de oportunidades esteja presente em uma sociedade em que poucos são privilegiados. Seria ingênuo aquele que socorrido pela sorte se salvasse de uma tempestade em seguida passasse a enfrentar outras crentes de que seria sempre salvo.
Diante do social o individuo é tão somente uma referência individualizante, capaz de identificar determinadas manifestações comportamentais, mas incapaz de criá-las visto que as mesma são essencialmente sociais.
A existência de algo não pode ser confundida com a referência da mesma, por exemplo, a beleza da flor, ainda que existente, não pode se confundir com uma bela flor, pois a bela flor é algo existente em si, enquanto a beleza da flor é tão somente uma abstração de tal beleza.
Assim ocorre à justiça, ela não pode ser confundida com sua denominação, ainda que o nome exista para identificá-la, ela é uma existência seu nome outra. Uma sociedade injusta não pode ser justa simplesmente por que assim a denominam, ela possui características essenciais que fazem sua identificação, muito mais que o nome que lhe atribuem.
A justiça é uma relação que tem reflexos profundos na sociedade, confunde-se sua essência com sua denominação, que mal empregada pela sociedade, que vive a hipocrisia, não compreende seus próprios passos. Talvez a justiça realmente seja cega, e aquele que a conduz o faz para seus próprios interesses.
Fagne Alexandre  
Graduado em letras pela UECE/FECLESC
Ex-Professor da Escola Cônego
Funcionário de empresa de economia mista

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