quarta-feira, 10 de março de 2010

Irmão do papa diz ter dado tapas em alunos

O reverendo Georg Ratzinger afirmou que se arrepende de ter batido em meninos e que não sabia de abusos sexuais

Berlim. O irmão do papa Bento XVI, Georg Ratzinger, afirmou, ontem, que deu tapas no rosto de alunos em uma escola alemã onde foi diretor do coral, mas que não tinha consciência da brutalidade da disciplina aplicada na escola, onde padres foram condenados por abuso sexual.

Ratzinger, de 86 anos, deu as declarações a um jornal alemão após a divulgação de acusações de abusos sexuais e físicos cometidos em escolas católicas da Baviera, a região natal do papa. Escândalos de abuso sexual também abalaram as igrejas dos Estados Unidos e Irlanda.

"Durante viagens para concertos, os alunos me contavam sobre o que acontecia. Mas, pelas histórias que me contaram, não me dei conta de que eu deveria tomar uma atitude. Eu não tinha consciência da extensão desses métodos brutais", afirmou Ratzinger ao jornal "Passauer Neue Presse".

"Se eu tivesse tido conhecimento do excesso de força que estava sendo utilizado, eu teria feito alguma coisa. Peço perdão às vítimas", disse Ratzinger, que comandou o "Regensburger Domspatzen", ou Pardais da Catedral de Regensburg, o coral oficial da diocese de Regensburg, entre 1964 e 1994.

"No início, eu também estapeava os alunos no rosto, mas sempre fiquei com a consciência pesada", admitiu Ratzinger, que afirmou que o diretor da escola castigava os alunos da mesma maneira.

A diocese de Regensburg é uma das três escolas católicas do Estado meridional da Baviera em que acusações de abusos sexuais e físicos têm vindo à tona regularmente.

A diocese declarou que um padre abusou sexualmente de dois meninos em 1958 e foi sentenciado a dois anos de prisão. Outro clérigo cumpriu 11 meses de prisão em 1971 por abuso. Outros ex-alunos disseram ter sofrido abusos sexuais, humilhações e espancamentos excessivos no início dos anos 1960, por parte de professores cujos nomes não foram citados.

O papa alemão Bento XVI, ex-cardeal Joseph Ratzinger, lecionou teologia na Universidade de Regensburg entre 1969 e 1977.

Relatos divulgados no mês passado disseram que padres católicos abusaram sexualmente de mais de cem crianças em escolas jesuítas espalhadas pela Alemanha. O arcebispo Robert Zollitsch, presidente da Conferência dos Bispos Alemães, divulgou um pedido público de desculpas e deve viajar ao Vaticano na sexta-feira para discutir o escândalo.

No mês passado, o papa convocou bispos irlandeses ao Vaticano para serem repreendidos por um escândalo de pedofilia, depois de um relatório governamental ter revelado que líderes da igreja tinham acobertado o abuso de crianças cometido por padres durante 30 anos. Na Holanda, mais de 200 católicos já se apresentaram para relatar abusos sexuais que teriam sofrido por parte de padres.

VATICANO AFIRMA
´Igreja não é única culpada´

Roma. O Vaticano afirmou, ontem, que considera um erro concentrar a culpa pelo abuso de crianças na Igreja Católica e negou acusações de que a instituição teria ocultado casos de pedofilia por parte de seus clérigos na Europa.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, reconheceu a "gravidade da crise pela qual a Igreja está passando" depois das últimas acusações de abuso sexual perpetrado pelo clero na Alemanha, Áustria e Holanda.

Relatos feitos no mês passado davam conta de que padres católicos teriam abusado de mais de 100 crianças em colégios jesuítas.

Lombardi negou as alegações de um ministro alemão de que o Vaticano teria sido conivente encobrindo casos de pedofilia. "Erros cometidos pelas instituições e membros da Igreja são passíveis de repreensão devido à responsabilidade moral e educacional da Igreja", disse Lombardi à rádio Vaticano. "Mas cada pessoa bem informada e objetiva sabe que a questão é muito mais ampla e concentrar acusações na Igreja sozinha coloca as coisas fora de perspectiva", acrescentou.

Lombardi citou os relatos recentes de autoridades austríacas que mencionaram 17 casos de abuso em instituições ligadas à Igreja Católica, mas 510 em outras organizações. "Seria bom preocupar-se com essas também", afirmou.

Os últimos relatos surgem anos depois de terem vindo à tona escândalos na Irlanda e nos Estados Unidos.

Com informações do Diário do Nordeste

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