Por Getulio Freitas
A importância da ação humana em tempos de crise
Atualmente
vivemos uma grande proximidade do Presidente da República bastante conveniente
com um setor dito “conservador” da sociedade, os protestantes e outros que pertencem
a outra religião, a “antipetista”, mas meu foco aqui é pontuar à luz do
desenrolar bíblico o que foi ação humana e ação divina e como estes dois
componentes sem relacionam.
Começando
por Abraão, o grande patriarca, Deus se dirige a ele e diz “Sai da tua
terra, da tua parentela, da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei
(Gn 12, 1)”. A fala de Deus é clara, Abraão precisa fazer algo para que as
promessas de Deus se realizem, ele não pode ficar na mesma situação em que
está, na família, em sua terra, acomodado seguindo o desenrolar da mesma
história de sua família até o fim de sua existência como os demais de seu
entorno, Deus o incomoda, o impele a fazer algo, mas não faz por ele.
Abraão
precisa iniciar uma longa jornada, sair de si, representado pela saída de sua
terra, de seu povo e ir em busca da terra que o Senhor prometera e das bençãos.
Se Abraão não tivesse atendido ao chamado de Deus, a história da salvação
estaria comprometida, Deus poderia não ter precisado de Abraão, claro que sim!
Mas ele por um desígnio que não entendemos totalmente, Deus quer precisar do
gênero humano para realizar suas obras.
Interessante
notar nesta história, e vamos perceber em outras passagens que após as
instruções serem passadas “Deus retirou-se de junto de Abraão (Gn 17, 22)”,
a ausência de Deus é um tema forte a ser tratado, no barco durante a
tempestade, Jesus Cristo dorme. É a fé que se dá na ausência! A ausência de
Deus precisa suscitar em nós algo mais forte que a lamentação de termos sidos
“abandonados por Deus”.
Um
pouco antes do surgimento da história de Abraão, temos uma mais forte sobre a
ação de Deus em cooperação com a humanidade, a história de Noé e salvação do
gênero humano, que se dará plenamente no advento do Cristo na cruz. Deus se
dirige a Noé, anuncia que destruirá a humanidade, pois esta se corrompeu e diz “faze
uma arca (Gn 14)” e sem seguida dá as instruções de como fazê-la.
Deus
poderia em um instante ter tirado a vida de todos os injustos e mantido apenas
as dos justos? Certamente! Mas quis a cooperação do gênero humano. Acredito que
se Abraão tivesse ficado apenas: “tá repreendido Senhor”, “queima Senhor”, “em
nome de Jesus isso não vai acontecer”, “eu vou orar para que isso não aconteça”
e não tivesse feito nada, todos teriam se afogado e fim do gênero humano. Tiago
irá traduzir bem esse sentimento ao dizer que “também a fé, se não tiver
obras, está completamente morta (Tg 2,17)”.
Inúmeros
outros exemplos bíblicos poderiam ilustrar mais essa cooperação divina e humana
que constrói, os milagres de Jesus por exemplo. Ele jamais curava por curar,
mas sempre dialogava, os milagres de Jesus eram dialéticos, por assim dizer,
ele fazia o milagre nascer dentro da pessoa e como uma parteira, o tirava para
fora. Analise as milagres de Jesus e veja essa dinâmica. Talvez a influência
Celta, na magia tenha influenciado nossa visão de Deus, um mágico que fala
algumas palavras, agita as mãos e o impossível acontece. Sendo que o impossível
acontece naturalmente todo dia em nosso corpo, ao nosso redor por puro mecanismo
divino entranhado na existência humana e na teia da vida.
Em
suma, diante desta crise, espera-se dos que se dizem cristãos, sejam de qual
denominação, que não traiam a tradição bíblica e não ponham a vossa proteção
apenas em Deus, mas façamos nossa parte, cooperemos com a graça de Deus, que
vem ao nosso encontro. Devemos orar em casa, sim! Mas a voz de Deus fala também
nas voz das autoridades que se preocupam com a vida e o bem comum, pois aqueles
que se preocupam com o dinheiro em primeiro lugar ao custo de sacrificar vidas,
é como o mercenário de que fala Jesus, não está preocupado com as ovelhas de
seu redil, mas apenas com o quanto elas valem. A ação humana não anula a graça,
o agir de Deus, mas o efetiva, complementa.
Getulio
Freitas
Bacharel
em Administração de Empresas
Pós-Graduando
em Direito Constitucional e Tributário
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